terça-feira, 4 de outubro de 2011

Futebol do Amazonas - A síndrome dos momentos decisivos

O futebol amazonense, mais uma vez, levou um banho de água fria. No último domingo, a equipe do Penarol viu a sua classificação ir por água abaixo após levar três gols em menos de 20 minutos. O trabalho, iniciado em 2010 com a conquista do campeonato estadual, culminou em um verdadeiro apagão que surpreendeu a todos. Nervosismo, despreparo psicológico, comodismo com o resultado, inúmeros são os possíveis motivos para o triste acontecimento.
 
Histórico de decepções

Nacional humilhado em pleno Vivaldão.
Não é de hoje que o futebol local sofre com a instabilidade psicológica, principalmente em momentos decisivos. Em 2008, o Holanda disputava a 3º divisão nacional, naquele ano os 16 melhores garantiam permanência na divisão, visto que no ano posterior seria criada a Série D. Após uma bela campanha na primeira fase, o time do Rio Preto da Eva precisava apenas avançar mais uma fase para pelo menos manter-se na mesma divisão, dois jogos específicos minaram as chances da equipe amazonense, em comum, a falta de estabilidade emocional.

Em 10 de Agosto, válido pela 3º rodada da segunda fase, o Holanda enfrentava a equipe acriana do Rio Branco no estádio Vivaldo Lima, após virada estupenda por 3 a 1, a Laranja Mecânica manteve o resultado até os 40 minutos do segundo tempo, porém, o fantasma do "apagão" apareceu e o inacreditável se fez presente, virada do adversário em menos de seis minutos. Três jogos após, última rodada, partida em casa e a vitória significava a classificação, após outra virada amazonense, o empate do adversário ocorre aos 36 da etapa complementar para a tristeza dos torcedores frustrados.

Sr. Amadeu Teixeira, guerreiro num futebol em crise.
O ano era 2009, primeira edição da 4º divisão do campeonato nacional e o nosso único representante, o Nacional Futebol Clube. O Leão da Vila Municipal havia passado pela primeira fase com tranquilidade, daí por diante, apenas jogos de mata-mata. Como adversário, a modesta equipe do Cristal do Amapá, no primeiro confronto um empate por 1 a 1 no estádio Glicério Marques em Macapá. Na partida da volta, o inesquecível vexame, após voltar do intervalo vencendo por 2 a 0, em 45 minutos leva cinco gols sendo desclassificado de forma humilhante em pleno Vivaldo Lima que recebia um público de 4.284 presentes.

As decepções não se limitam apenas as quatro linhas, com a bruxa solta, mesmo quando dentro de campo o trabalho corresponde, quem dá vexame é o setor jurídico. Em 2010, o América Futebol Clube representava o estado na Série D, sem apoio do poder público, o Mecão Peralta comia pelas beiradas e matava um leão por jogo, de forma heróica conquistou a classificação para a fase de mata-mata. A brilhante campanha dentro de campo levou o time ao vice-campeonato brasileiro, porém aí entra a falta de profissionalismo fora dele. Com um jogador irregular, o torcedor amazonense sentiu a alegria do acesso se transformar em uma amarga sensação de inconformismo.

Momento de refletir com os erros

A velha desculpa de por a culpa dos constantes fracassos na falta de apoio do torcedor, poder público e potenciais patrocinadores, já se tornou discurso pronto de cartola incompetente. Visivelmente o futebol baré vive um desgaste natural por parte de dirigentes, jogadores, técnicos e membros da Federação Amazonense de Futebol (FAF) que já deixaram, a muito tempo, de contribuir para a melhoria do desporto. De forma tímida, é possível enxergar uma mudança de postura, com a Copa do Rios e Amazonense Série B tendo idade mínima para atletas, a revelação de novos talentos se torna possível. Porém nada substitui o fortalecimento das categorias de base que tem papel crucial na formação técnico, psicológica e social dos futuros jogadores.

Não existe receita pronta para o sucesso, mas um caminho árduo e difícil sempre revela bons frutos em seu final. No futebol não é diferente, um time vencedor sempre nascerá de um trabalho profissional bem-feito, um projeto a médio e longo prazo são medidas confiáveis para os bons resultados futuros, não existe segredo, mas força de vontade e comprometimento.

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